terça-feira, 18 de outubro de 2016

A culpa, essa desgraçada! #1

Quem vai lendo aqui o estaminé sabe que passo muito tempo em casa com a pequena-já-não-tão-pequena, mas que muito desse tempo é para trabalhar.
 - Sim, porque os professores têm sempre muitas tarefas invisíveis para fazer que ninguém vê: planificações, preparação de materiais, testes (preparar e corrigir), avaliações, tabelas e grelhas e afins. 
 - Sim, porque sou mestranda e ainda tenho duas cadeiras para acabar este semestre e a tese para escrever nos próximos semestres.
 - Sim, porque havendo falta do que fazer, ainda estou inscrita num curso online sobre a promoção da leitura e quero acabar o nível avançado do curso de escrita criativa.
 - Sim, porque para além de tudo isso, há 6 crianças que vêm cá a casa almoçar 4 dias / semana e há refeições para preparar e as ementas semanais e as compras para gerir (até dia 30 estão de férias, mas vão voltar!)
- Sim, porque a casa não sobrevive e auto-gestão e há sempre tarefas domésticas a tratar.

Resultado: estou em casa, mas efetivamente o meu tempo de qualidade com a miúda não é aquele que gostaria e chego à noite amargurada porque não fui ao parque com ela, porque ela viu mais bonecos do que aqueles que eu queria, porque os beijos que lhe dei deviam ter sido x mil, porque não a cheirei nem a abracei vezes suficientes.

Ela está aqui comigo e brinca com os brinquedos dela e abre e vê os livrinhos que já tem, encho-a de beijos, adormece comigo a sesta da tarde e à noite enrola os dedinhos no meu cabelo. A princesa almoça em casa 6 dias/ semana e, mesmo nos dias em que trabalho, o pai vai buscá-la às 5 e pouco e janta sempre a horas normais. Acorda às horas que quer e precisa e tem-me sempre por perto. Mas... não me chega.
Vejo-a a desenvolver-se, a andar, a falar, a conseguir fazer cada dia mais gracinhas e sinto que os dias não chegam para fixar tudo, para gravar na memórias todos os momentos importantes, para tirar fotos suficientes para a posteridade.
E sinto-me culpada. Ela é muito feliz, isso nota-se à distância, mas eu sinto-me culpada!

2 comentários:

  1. Ser mãe é mesmo ter sempre essa sensação de culpa mas é mesmo só isso, uma sensação. Você não é culpada de nada. Aliás pode estar a trabalhar mas tem sempre a princesa por perto. Sabe o que ela faz, de certeza que muitas vezes ela está a brincar com o livrinho ela vai mostra-lho e você vê pela milésima vez que diz "que lindo!" :-) :-) Eu trabalho fora, saio de casa às 8e30 e chego às 19. Durante esse tempo ele não está ao pé de mim, eu não o vejo, não o oiço, nada de nada :-( Acredite, preferia estar envolvida em mil e uma coisas e puder passar esse tempo em casa com ele do que estar fechada num escritório!
    Um conselho: No meio das suas tarefas tire 30min, pode não ser todos os dias, pode ser dia sim, dia não, você é que gere. Aproveite esse tempo para se sentar no chão do quarto da sua princesa, ou para a levar ao parque, passe tempo com ela. Acredite, vai-lhe fazer bem a si e ela vai adorar! Assim como assim ser mãe é um "trabalho" e bem mais divertido Lol
    Beijinho

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  2. Culpa?
    Espera, deixa-me rever as tuas palavras:
    "Ela está aqui comigo e brinca com os brinquedos dela", "encho-a de beijos, adormece comigo a sesta da tarde e à noite enrola os dedinhos no meu cabelo", "a princesa almoça em casa 6 dias/semana", "acorda às horas que quer e precisa e tem-me sempre por perto", "vejo-a a desenvolver-se, a andar, a falar, a conseguir fazer cada dia mais gracinhas".
    Pensando bem, acho que consegues estar mais tempo com a tua filha do que qualquer outra mãe que eu conheço. Talvez não o entenda por não ser mãe, mas não vejo de onde desencantas esse complexo de culpa.
    "Ela é muito feliz, isso nota-se à distância" - eu sei disso, eu vejo em cada foto, em cada vídeo, em cada breve momento que passo com ela. Portanto não entendo mesmo - e sabendo ainda para mais que fazes tudo o que está ao teu alcance para garantir o melhor para ela e passar com ela todo o tempo que tens disponível, não entendo mesmo...
    Agarra-te aos momentos felizes que passas com ela e desfruta-os! Sem culpa, sem consciências pouco razoáveis a questionar o que quer que seja. A tua filha está a crescer feliz! E isso é a chave! :)

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